Crianças sem história
As sequelas do uso do crack na gravidez ainda estão sendo diagnosticadas por estudos dispersos. Mas a experiência de profissionais que lidam com a dependência química afirma: os problemas começam desde o início da gestação
05.08.2011| 01:30 - O POVO
As estatísticas ainda não mostram o que médicos, psicólogos, terapeutas e outros profissionais especializados em dependência química veem nas salas de parto e de tratamento da adicção. Há 18 anos, a neonatologista da Maternidade Escola Assis Chateaubriand testemunha gestações de risco, como a das crianças-mães, e nascimentos-quase-morte. “Na realidade, você tem uma cascata de efeitos muito grande do uso do crack”, percebe Maria Francielze Holanda Lavor.
A experiência afirma: os problemas começam a existir desde o início da gravidez. “No primeiro e no segundo trimestre, ou seja, até o sexto mês de gestação”, aponta a médica, “esse feto vai receber crack não só pelo sangue”. Envolto em um líquido amniótico contaminado pela droga, o feto absorve crack também pela pele em formação. “Os vasos sanguíneos estão muito superficiais. Então, a absorção de crack pela pele do bebê é acentuada. Esse efeito é tanto maior quanto mais baixa é a idade gestacional”, conclui Francielze Lavor. Além dos danos intrauterinos – desnutrição e lesões no sistema nervoso central e nos órgãos -, o crack pode causar nascimentos prematuros (no sétimo ou oitavo mês) ou mesmo levar ao aborto, cogitam especialistas.
“A placenta pode se descolar prematuramente. Pode ter ruptura do útero, dada a fragilidade dos músculos e dos vasos. E alguns casos podem evoluir para um aborto, no começo da gestação”, explica Lavor. As sequelas do uso do crack na gravidez ainda estão sendo diagnosticas por pesquisas dispersas.
O psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), pondera: “Existe alguma tentativa de caracterizar alterações relacionadas com o crack. Por enquanto, o que tem conseguido se documentar são alterações menores, nada comparado ao (consumo do) álcool”.
Para Carlos Salgado, a associação crack e álcool, “bastante comum”, é mais explosiva. “Essas crianças que nascem com más formações são devidas ao álcool”, ratifica, acrescentando que “se uma pessoa vem usando crack, aumenta o risco genérico de uma gestação mal cuidada. O entorno do uso do crack, o ambiente de maus cuidados é que responde melhor pela criança desnutrida”. Sobrevida e morte (sugestão de intertítulo)
No mundo fora do útero, salve-se quem puder. “A mãe deixa a criança lá e vai usar droga”, relata o psicólogo Osmar Diógenes Parente que, há mais de 20 anos, está ao lado dos dependentes químicos. A “exposição ao risco”, dialoga o médico Alfredo Vieira de Holanda, do Centro de Assistência Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) da Barra do Ceará, torna-se o cotidiano. “São crianças que já nascem no meio da violência e permanecem. Se tornam órfãos. O maior risco que, hoje, se vê no crack é o risco social”, expõe o médico.
E as crianças vão crescendo sem história, até se tornar estatísticas. Tanto na Meac quanto no Instituto Doutor José Frota (IJF, onde dá plantão na UTI pediátrica), o que chega às mãos da neonatologista Francielze Lavor são indícios de gente. “Normalmente, os filhos de usuárias de crack são bebês que a gente nem tem a história porque as mães nem contam que são usuárias. Temos indícios: aquela mãe muito emagrecida, agitada”, retrata. “Tenho oportunidade de trabalhar com o recém-nascido que é vítima da condição da mãe, da falta de estrutura familiar. Ele vai crescer e, logo, logo, vai estar do outro lado”, sublinha a pediatra da UTI do IJF. Da idade da inocência para o tempo de delinquência. “Recebemos os frutos dessa violência. A gente vê adolescentes e crianças, cada vez mais usuários, atingidos por acerto de contas. Dia desses, chegou um adolescente com 12 a 15 perfurações por bala. É uma execução, num menino de 15 anos”, lamenta.
ENTENDA A NOTÍCIA
Os filhos de usuárias do crack correm riscos desde o útero. Estão sujeitos a sequelas físicas e neurológicas e, se escapam de abortos, nascem expostos à orfandade e à violência. De vítimas, meninos e meninas podem passar para o lado da delinquência, numa adolescência de matar ou morrer.
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O tratamento da dependência química é complexo. Exige tanto dos especialistas e dependentes quanto do poder público e da sociedade. Ainda se aprende a lidar com a pandemia. Profissionais de diversas áreas se unem e somam forças à esperança de quem quer deixar o vício do crack. E a cura se dá dia a dia, num sem-fim.
SAIBA MAIS
O médico Alfredo Holanda atende de 12 a 17 pacientes, por turno, no Centro de Assistência Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) da Barra do Ceará. A maior parte, homens.
Vigilantes, pescadores, profissionais da construção civil e até policiais têm mudado o perfil dos dependentes de crack.
“São pessoas que estão trabalhando e têm família. Mas existe um nível de abandono”, revela o médico. “Não era o perfil das drogas. O crack está assumindo a postura como se fosse o álcool. E não tem jogo com o crack. Você pode tomar uma dose de álcool e não ficar viciado. No crack, o primeiro jogo é a queda”, alerta.
Os dependentes que procuram atendimento, presume Holanda, são “um pedaço do iceberg, um pequeno número”. Ele acredita que a proporção de usuárias do crack já se aproxima da metade de dependentes do sexo masculino. Mães já foram suas pacientes no Caps AD.
No Instituto Volta a Vida (Lagoa Redonda), o psicólogo Osmar Parente diz ter “sempre mais de 40 pessoas” em tratamento. Os homens, na faixa etária inferior a 30 anos, são maioria e 20% a 25% dos pacientes são da classe baixa.
Mas, na última década, destaca Parente, o perfil mudou: “Era o usuário pobre. Hoje, tem médicos usando crack. Alcoolista, era aquele pobre coitado, que bebia no botequim. Já internei padre alcoolista, freira. A droga está democratizada”.
Ana Mary C. Cavalcante
anamary@opovo.com.br
9 comentários:
boa viagem ....cidade de gente de mau caracter...gente ruim. nem todos mas a maioria é gente q so quer ve os outros na pior. tem gente na ação social q adora complicar a vida do povo q vai lá. eles fazem questão de bloquear os cartões. mas o pior é que so fazem isso por puro prazer . são gente imunda q adora o sofrimento alheio. mas tem nada não dona raquel o que é seu ta guardado ok.
Vejam o Link da reportagem do Bom dia Brasil, da rede globo, sobre o suposto esquema de desvio de dinheiro público envolvendo os banheiros e o deputado Teo Menezes e seu pai Presidente do Tribunal de contas:
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/08/escandalo-de-banheiros-fantasmas-mobiliza-cidade-no-interior-do-ce.html
Vergonha estadual que agora todo o Brasil conhece...Triste, muitas pessoas brincam com as necessidades mais básicas de uma população ja sofrida.
Quando que essa mesma população dará o troco a políticos que desviam merenda escolar, kit sanitário, contribuição previdenciária... e tantas outras formas de se locupletar com o dinheiro público??
Abraço
Deodato, te mandei uma mensagem pelo Facebook falando de uma idéia exatamente sobre drogas que tô pensando em desenvolver em BV em um futuro proximo, dá uma olhadinha lá e ver o que você acha !!
Abraço
é ser muito otário o comunicador ou o entrevistado que diz que merenda vencida tem haver com o prefeito, deixe de ser hipocritas!pra que é que serve uma rede composta por: diretora, merendeira chefe,conselho escolar e secretária de educação seus anafabetos, o prefeito tem o que fazer!!!e a fiscalização do setenta ele vai saber o resultado é nas urnas, o povo ja está com nojo dele! querem saber façam uma pesquisa!!!vcs verão!!! quanto mais vcs fazem zuadas mais o nandinho se aproxima da vitória!!!agurdem!!!
CPI PRA QUE MESMO!!!JA VIRAM QUE O NANDINHO GANHA TODAS AS QUESTÕES E AGORA APELAM PRA CPI!!! TÃO COMEDO? E A ALINE COM SUA PREPOTENCIA VAI GANHAR NEM O QUE A MARIA DO PINAGEM GANHOU!!!QUEREM APOSTAR NANDINHO DE NOVO!!! NÃO EXISTE LIDER POLITICO EM BVIAGEM HA NÃO SER O NANDINHO DE VCS É ELE DNOVO!!!
MAS QUE PALHAÇADA NO PROGRAMA DE HOJE!!!O JOÃO ALVES QUE DIZ QUE O PROGRAMA É PARA TODOS ELOGIAR E CRITICAR, BASTOU SÓ UMA OUVINTE DIZER QUE ELE CONVERÇAVA MERDA PRA ELE ENLOUQUECER, FICOU AOS GRITOS CHAMANDO A MULHER DE MERDA, A CLARA GRITAVA JOÃO!!! JOÃO!!! E ELE AOS BERROS!!! HA QUE PONTO CHEGARAM COM ESSA BERRAÇÃO!!!MAS´SE EXISTE ÉTICA EM ALGUMA COISA, NÃO É O JOÃO QUE TEM ÉTICA TUDO DELE É COM PALAVRÃO QUE JA É ESTILO DELE!!!ELES FALARAM QUE A CULPA DA MERENDA VENCIDA ERA DO FERNANDO E EU PERGUNTO SE O TANTO DE LADRÃO QUE A DILMA ESTÁ DEMITINDO SE ERA CULPA DO SANTO LULA! PORQUE EU NUNCA TINHA VISTO TANTO LADRÃO NEM NO BANCO CENTRAL. E AI PETISTAS E OPOSIÇÃO ERA O LULA QUE APOIVA OS LADRÕES OU ELE NÃO TOMOU CONHECIMENTO CANBADA DE INBECIES!!!
Concordo com o anônimo. O prefeito não é, necessariamente, culpado pela ação ou omissão dos seus auxiliares, salvo, evidentemente, do ponto de vista político. O que se tem que saber é qual a atitude do prefeito quando teve conhecimento da irregularidade. Quanto ao anônimo que afirma que é o prefeito ainda é o maior líder de Boa Viagem não tenho elementos para concordar ou não, porém o de apenas registrar: se isso for mesmo verdade (e pode até ser), é o caso apenas de dizer POBRE BOA VIAGEM!
AMIGOS DE BOA VIAGEM, HOJE A SITUAÇÃO POLÍTICA É O SEGUINTE FERNANDO ASSEF VAI SIM SER REELEITO PREFEITO, A OPOSIÇÃO É MUITO FRACA NÃO CONSEGUE ATRAIR A SIMPATIA DOS ELEITORES DE BOA VIAGEM EM ESPECIAL OS JOVENS.
HOJE TENHO PLENA CONVICÇÃO DE QUE FERNANDO ASSEF VAI GANHAR, HOJE SE FIZER UMA PESQUISA VOCÊS VÃO CONSTATAR ISSO.
Eu também ouvi o programa de sábado e fiquei decepcionada com a “FÚRIA MAL EDUCADA E ENLOUQUECIDA” do João Alves. Dr. Deodato Ramalho, se a coisa continuar assim sua belíssima idéa de liberdade de expressão vai pro brejo, vamos nadar e morrer na praia... Até agente que é ouvinte certa da rádio fica com raiva em ouvir uma coisa daquela, dava para se ouvir os entrevistados tentando contornar a situação, onde na verdade quem devia fazer isso era o João Alves, pois ele é o mediador do programa. Seria de bom grado que a direção da emissora revisse essa questão. O ouvinte merece uma comunicação de alto nível, com a máxima educação possível, onde o ouvinte seja respeitado, sendo ele do nosso lado ou não. Obrigada pela compreensão.
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