David Capistrano da Costa |
Coluna - Lic. Eliel |
Escrito por Lic. Eliel Rafael da Silva Júnior |
Ter, 15 de Dezembro de 2009 09:59 |
O município de Boa Viagem possui o privilégio de ter um de seus filhos reconhecido como um herói de envergadura mundial. O altar da liberdade recebeu o seu nobre sacrifício, seu nome está inscrito com sangue no panteão daqueles que perderam a vida em favor da pátria e contra a intolerância no mundo. Poucos de seus conterrâneos sabem disso!
Infelizmente a falta de memória, como também sua saída precoce de nosso município justificam este desconhecimento. Estou falando de Davi Capistrano da Costa.
A memória deste homem foi abandonada por seus conterrâneos. Semelhantemente ao italiano Giuseppe Garibaldi, foi um herói nos dois continentes. Devemos a ele, em nossos livros de história, um lugar de destaque e uma justa homenagem.
Esse destemido boa-viagense nasceu no Distrito de Jacampari, em 16 de novembro de 1913. Era filho de José Capistrano da Costa e de Cristina Cirila da Costa. Logo cedo, aos 13 anos, por conta do flagelo da seca, saiu de sua terra natal com destino ao Rio de Janeiro, na época, nossa Capital Federal.
Em 1931 ingressou na Força Aérea Brasileira, onde chegou ao posto de sargento. Na caserna recebeu uma forte influência de companheiros de farda, que o convidaram a ingressar na Aliança Nacional Libertadora e no Partido Comunista Brasileiro.
Participou, ao lado de Luiz Carlos Prestes, do Motim Comunista acontecido em novembro de 1935. Por este motivo, foi expulso das Forças Armadas e condenado a sete anos de prisão na Colônia Penal de Dois Rios, na Ilha Grande, para onde foi recolhido.
Nessa prisão, ajudado por colegas militares, em um dia de maré baixa, com mais três companheiros, fugiu a nado pelo canal e chegou ao continente. Em seguida, atravessou a fronteira do Brasil com o Uruguai e foi para Europa.
Em 1936, na Espanha, fazendo parte das Brigadas Internacionais, integrando o 12º regimento, combateu as forças do General Francisco Franco. Participou das mais sangrentas batalhas da Guerra Civil Espanhola, onde chegou ao posto de capitão.
Em 1939, em plena II Guerra Mundial, atuou junto aos rebeldes da Resistência Francesa, durante a ocupação nazista. Nesta época, preso em ação, foi deportado para o campo de concentração em Gurs, na Alemanha. Nesse campo, conseguiu ser libertado por membros da resistência.
Com a liberdade, resolveu voltar ao Brasil em 1942, na intenção de ser readmitido nas Forças Armadas e retornar à Europa para lutar ao lado dos aliados. Seu intento não obteve êxito, foi novamente preso.
Na prisão conheceu Ida Torres da Cruz, irmã de um colega da prisão, com quem casou por procuração. Em 1945, com o fim do conflito mundial, recebeu o benefício da anistia e retornou à militância política no PCB.
Em 1947 casou com Maria Augusta de Oliveira, também militante do Partido Comunista. Nesse mesmo ano foi eleito Deputado Estadual em Pernambuco, o segundo mais bem votado do Estado, o primeiro de sua bancada.
Entre 1958 e 1964 esteve à frente da Folha do Povo, A Hora e Combater, jornais vinculados ao PCB em Pernambuco. Em 1962 candidata-se a deputado estadual, mas o seu registro não é aceito pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Após o golpe militar, viveu clandestinamente no Brasil, seu nome de guerra era Walter. Possuía duas falsas identidades, uma com o nome de Enéas Rodrigues da Silva e a outra de Luís Oliveira, nome de seu sogro.
Nessa época articula campanhas internacionais em favor de Cuba, Vietnam e Palestina. Em 1967 é condenado a 19 anos de prisão e, por ordem do Comitê Central, é aconselhado a asilar-se na Tchecoslováquia, ordem finalmente obedecida em 1971.
Em 1974, resolve voltar ao Brasil, novamente pela fronteira, desta vez em Uruguaiana, Rio Grande do Sul. Desapareceu no percurso entre Uruguaiana e São Paulo, em 16 de março de 1974.
Fortes indícios nos informam que Davi Capistrano da Costa foi torturado, morto e teve o seu corpo esquartejado em uma casa em Petrópolis. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Acredita-se que foram jogados no mar.
Depois deste relato nos perguntamos: Boa Viagem não deveria honrar um herói desta envergadura? Sua memória não deve ser preservada? Uma de nossas praças não merece o busto desse valoroso homem? Nosso museu não deveria ter uma sala exclusiva em sua memória?
Estamos próximos do centenário de seu nascimento, nossa comunidade tem a obrigação de se mobilizar em imortalizar sua história. Devemos deixar o pessimismo de afirmar que em nosso municio nada presta. Afinal, falar mal do município é falar mal de nós mesmos. Quem ama esta terra deve valorizar esta gente!
Caros conterrâneos, deixemos de promover o bom nome de Boa Viagem pelo túnel da vergonha, isto sim deve ser esquecido!
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3 comentários:
Parabés Deodato pela postagem maravilhosa sobre O David Capistrano.Este sim foi um grande brasileiro/ boaviagense.Precisamos resgatar a história deste "bravo" cidadão!!!Levarei o texto para a sala de aula e trabalharei dentro do contexto da 2ª Guerra, do Socialismo e da temida ditadura militar, por muitos, não por ele!
Que horror!!!
Já foram tantas tentativas de conseguirem um candidato a vice de HADADD do PT, mas até agora a maioria fracassou:
Luiza Erundina – PSB => Aceitou, mas depois desistiu…
Pedro Dallari – PSB => Recusou de pronto o convite
Keiko Ota - PSB => ???
Netinho de Paula - PC do B => Informou logo cedo pelo Twitter que não aceitou o convite
Lecy Brandão - PC do B => Declinou do convite
Nádia Campeão - PC do B => ???
Jamil Murad - PC do B => ???
Marcelinho Carioca - PC do B => ???
Luiz Flávio D’ Urso - PTB => Por enquanto está animado…
Wadih Mutran – PP => será?
Pelo jeito serve qualquer um…. hehehe
Essa história já está parecendo seriado de TV.
Nome do seriado??? ” Todo mundo odeia o Haddad ” hehehe
VAI CORINTHIANS!!!
O Texto sobre Davi Capistrano, está muito bom, porém está incompleto.
Tenho sua biografia bem completa, com fatos e dados mais concretos.
Se alguém se interessar, posso emprestar. Conhecí pessoalmente, sua esposa e sua filha no Recife.
Tem algo a respeito do General Muricí, que posso contar de memória.
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