quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SEMAM REALIZA AÇÃO PELO DIA MUNDIAL SEM TRÂNSITO.

TRÂNSITO NÃO MUDOU
Dia Mundial sem Carro passa despercebido

Sem alternativa: para muitos, o jeito é arriscar a travessia disputando espaço com os carros
Diário do Nordeste - 23/9/2010

Apesar de algumas ações pontuais do poder público, o fluxo de veículos nas vias da Cidade não diminuiu

No Dia Mundial Sem Carro, celebrado ontem, pouco de diferente pôde ser visto em Fortaleza. Apesar de algumas ações simbólicas realizadas pelo poder público, não houve alterações significativas no tráfego de uma Capital onde, nos dois primeiros meses do ano, 125 ciclistas morreram no trânsito.

Ao mesmo tempo em que suscita reflexões sobre um tema que preocupa governantes e especialistas das maiores capitais do País, o Dia Mundial Sem Carro mostrou como o assunto não recebe a atenção merecida pela maior parte dos fortalezenses. A fim de sensibilizar para a data - que tem como objetivo questionar o uso excessivo de veículos automotores -, vereadores pedalaram até a Câmara Municipal e a Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) ocupou duas vagas de carro na Praça do Ferreira, no Centro, onde ofereceu um espaço para leitura.

Diversão

Em vez de veículos, quem passou pelo espaço encontrou cadeiras e uma estante com livros. "A intenção é despertar a curiosidade das pessoas, informá-las e oferecer um ambiente de lazer", informou a educadora ambiental e assessora técnica da Semam, Bete Cabral. Contudo, a ação, que durou das 9h às 16h, pouco chamou a atenção da população durante a manhã.

Indiferente, quer pela falta de avisos no local, quer pela pressa, a maioria dos passantes mal reparava nos livros e assentos. Entre 10h e 10h30 de ontem, enquanto a reportagem esteve no local, ninguém pegou nenhum material informativo.

De acordo com Bete Cabral, a Semam também promoveu ações entre os seus empregados. Durante a semana, disse, foi incentivada a prática da carona entre os funcionários e, ontem, interditado o estacionamento da Secretaria.

Para o titular da Pasta, Deodato Ramalho, a pouca utilização da bicicleta como veículo deve-se, principalmente, a quatro fatores. Primeiro, apontou, há uma questão cultural, que associa o veículo mais a um instrumento de lazer do que a um meio de transporte convencional propriamente dito.

Calor

Aliadas a esse fato, as condições climáticas da Capital cearense, segundo Ramalho, também contribuem para a pouca importância dada à bicicleta, uma vez que, em determinados horários, especialmente por volta das 13h, o calor desencoraja possíveis ciclistas.

Assim como a população, o poder público, conforme o gestor, não valoriza satisfatoriamente o trânsito não motorizado. Como terceiro fator, Deodato citou a infraestrutura precária da Cidade para facilitar o uso desse tipo de veículo.

O último elemento indicado pelo secretário foi o desrespeito que os ciclistas sofrem, durante o percurso, por conta de um "trânsito perverso". "Hoje, deu para lembrar como é andar de bicicleta. Você fica apreensivo".

Mesmo quem anda de bicicleta cotidianamente se sente angustiado no trânsito. "O perigo é constante", apontou a estudante Cíntia Accioly, de 23 anos. Ela disse que um dos motivos que a faz optar pela bicicleta é o tráfego intenso nas ruas por onde passa. Entretanto, ressaltou que as condições das vias são inadequadas para o trânsito sobre duas rodas, por serem muito estreitas. Já em ruas pouco movimentadas, o perigo torna-se a ação de assaltantes.

Nenhum comentário: