A redescoberta do prazer da folia em casa
Foi-se o tempo em que Fortaleza era praticamente o antônimo de Carnaval. A Capital cearense redescobriu a folia e agora enfrenta o desafio de consolidar sua vocação festeiraNOTÍCIA
O fortalezense fez as pazes com a folia em sua casa. Há muito, a Capital cearense não brincava um Carnaval como este que passou. Quer seja nas ruas do Benfica, pela avenida Domingos Olímpio ou na Praia de Iracema, a impressão que se tem é que Fortaleza e Carnaval voltaram a conviver harmoniosamente numa mesma frase.
“O Carnaval de Fortaleza está crescendo. Estou sentindo isso na estrutura e na organização”, aponta o artista plástico Zé Tarcísio.
O médico Vitor Araújo concorda. “Já é um Carnaval que as pessoas estão valorizando e ficando na cidade. Inclusive músicos que antes viajavam para lugares como Olinda e Rio de Janeiro, agora estão ficando e montando blocos aqui mesmo”, argumenta.
Este fenômeno da reaproximação da cidade com o Carnaval, que é resultado tanto de políticas públicas específicas quanto de iniciativas privadas, requer cuidado para se perenizar.
Caberá ao próximo gestor de Fortaleza, a ser eleito este ano, a responsabilidade de alimentar a vocação festeira da Cidade e consolidar esta tendência. Mas não só a ele. A própria Fortaleza também terá que abraçar esta causa. “Quando não tinha isto aqui (os blocos), poucos bares e restaurantes arriscavam a abrir. Agora melhorou demais. Tem cliente para todo mundo, até para a gente”, brinca a ambulante Maísa Pontes, referindo-se aos blocos Sanatório Geral e Luxo da Aldeia.
Ao se dispor a enfrentar o desafio de se carnavalizar, Fortaleza precisa estar atenta para os deslizes cometidos na folia deste ano e que podem ser evitados nas próximas edições da festa. “O Carnaval de Fortaleza está bem mais organizado e com estrutura. Está bem melhor do que antes. Mas ainda é pouco o policiamento. O bom é que também melhorou a consciência de quem está vindo brincar. Não tem briga nem confusão. Mas ainda falta mais organização”, avalia o diretor de marcação Sílvio Queiroz.
“O que está faltando é o suporte, como mais banheiros químicos e serviço de venda de bebidas por ambulantes cadastrados”, indica o aposentado Tarcísio Teixeira.
A pouca quantidade de banheiros químicos, aliás, é campeã nas reclamações dos foliões deste Carnaval, juntamente com queixas sobre a falta de segurança e solicitação da diversificação da festa. “Acho que o Carnaval deveria ser mais espalhado, em vários bairros”, sugere o mecânico Antônio José Soares.
Para a cineasta Jane Malaquias, não é estrutura o que falta ao Carnaval de Fortaleza e, sim, leveza, digamos assim. “Ainda falta o povo se soltar mais”, ri-se.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
A consolidação do Carnaval em Fortaleza depende tanto de inciativas privadas quanto de políticas públicas, mas necessariamente está nas mãos do próprio fortalezense. É ele quem tem que aderir a esta causa.
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