Brasil afora essa é a realidade das eleições 
das mesas diretoras dos parlamentos, salvo as eleições nas duas casas do
 Congresso, cuja disputa, embora também seja influenciada pelo Planalto,
 se dá num patamar mais próximo do que elaborou o Barão de Montesquieu, 
já que, ali, a força do executivo não é hegemônica. Sempre participei da
 vida política e partidária e nessa condição sempre estranhei a naturalidade
 com que muitos, inclusive "bons" formadores de opinião, encaram essa 
deturpação do sistema tripartite do poder. Agora, na condição de 
vereador eleito de Fortaleza, vejo com mais nitidez a pobreza desse 
debate em torno da eleição do parlamento mirim. E não é só da parte dos,
 digamos assim, principais agentes dessa disputa (os vereadores). De 
fato, estabeleceu-se na seara política do Ceará uma lógica perversa, 
alimentada por segmentos da política, da imprensa, do eleitorado e até 
de intelectuais, de determinação do fim da disputa situação-oposição, 
que reflete diretamente na eleição das mesas diretoras. Por esse 
discurso do fisiologismo todos têm que ser situação. Tudo começa no dia 
seguinte ao anúncio do resultado do pleito, ocorra esse sob o manto da 
legitimidade ou não, quando o prefeito "eleito" ou eleito anuncia, com o
 aplauso acrítico dos segmentos a que me referi linhas atrás, que 
governará com todos, vale dizer, trabalhará para não ter oposição. Quem 
ousar rezar fora dessa cartilha receberá, no mínimo, a pecha de 
mal-educado. O beija-mão ao "novo poder" vem de tudo que é lado. Até 
mesmo de muitos daqueles que, constatando o fato na linha das 
pertinentes achegas dos que responderam a ENQUETE do POVO de hoje 
(destaco o texto do professor FRANCISCO MOREIRA RIBEIRO), estranham e 
denunciam essa deturpação do processo legislativo, essa subjugação de um
 poder pelo outro, porém a estimulam e aplaudem quando também, 
contraditoriamente, reproduzem o discurso da naturalidade da 
interferência e do adesismo. As mais das vezes até cobram dos que, como 
já o disse, não se ajoelham a essa lógica do situacionismo. E ainda tem 
quem, fantasmagoricamente, sustente que isso não existe, mesmo 
assistindo, lendo, ouvindo, todo dia o noticiário político... Os 
vereadores, claro, que não resistem a esse canto da sereia, colocando na
 mão e no desejo do "prefeito eleito" a decisão, são os maiores 
responsáveis por essa diminuição do seu papel e do relevante papel do 
legislativo.
ENQUETE
Novas mesas diretoras dos Legislativos: qual sua expectativa?As mesas diretoras da Câmara de Fortaleza e da Assembleia Legislativa do Ceará terão nova composição em 2013. O que esperar das futuras lideranças?
FRANCISCO MOREIRA RIBEIRO
Prof. de Ciência Política da Unifor
Toda e qualquer mudança ocorrida em qualquer esfera do poder sempre 
gera algum tipo de expectativa positiva por parte da sociedade. No 
entanto, o termo “mudança”, muito desgastado pelo uso impróprio e pela 
dimensão que lhe é atribuído, não tem correspondido à expectativa por 
esta gerada, em especial quando relativa ao Poder Legislativo. A cada 
pleito surgem novos atores, tem-se a falsa impressão de que algo de 
“novo” está sendo gestado. A cultura política local, marcada por um 
continuísmo massacrante, não possibilita que transformações 
significativas ocorram no interior das máquinas legislativas, seja ela 
municipal ou estadual. As negociações de bastidores para a eleição dos 
futuros presidentes e das mesas diretoras indicam que as mudanças 
ficarão apenas no perfil de alguns atores, mas o enredo e o espetáculo 
continuarão os mesmos. Não se pode falar em mudança de poder quando 
estes continuam subjugados e manietados pelo Executivo.
CARLA MICHELE QUARESMA
Cientista política
No momento de formação das mesas diretoras da Assembleia Legislativa do
 Estado e da Câmara Municipal de Fortaleza, lembro-me do Barão de 
Montesquieu, quando o mesmo defendeu o princípio da tripartição do poder
 com o argumento de que só o “poder limita o poder”. A autonomia das 
instâncias é condição para que haja, a contento, a fiscalização 
imperiosa em uma República. Que as mesas contemplem a heterogeneidade 
que as urnas estabeleceram na composição das casas e estejam atentas aos
 anseios sociais, garantindo uma gestão transparente, voltada às 
discussões dos grandes problemas enfrentados pela população e, 
sobretudo, que avancem no sentido de oportunizar uma efetiva 
participação da sociedade nos processos legislativos, tornando os seus 
atos cada vez mais públicos e incorporando os juízos individuais em um 
processo coletivo de tomada de decisões.
VALMIR LOPES
Cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará
O ruim pode sempre piorar. A teoria da divisão dos poderes nasceu para 
evitar a tirania, criando pesos e contrapesos de modo a impedir a 
concentração de forças políticas. O pensamento liberal foi o criador 
dessa ideia, mas a prática institucional demonstra a tendência à invasão
 de prerrogativas de um poder sobre o outro. Essa tendência 
institucional agrava-se atualmente pela conjugação do situacionismo 
político. É o que vemos nos últimos anos no funcionamento dessas duas 
instituições, até a sociedade civil entregou-se ao governismo. É triste 
uma sociedade não reconhecer o valor do debate democrático e preferir a 
concordância e a subordinação. A marca recente da política no Ceará tem 
sido o acentuado situacionismo político, chegando a ser maior do que no 
período autoritário. O situacionismo e o alinhamento de forças políticas
 gera o paradoxo do totalitarismo democrático. Que falta nos faz o 
pensamento liberal!
CLÉSIO ARRUDA
Doutor em Sociologia
Movimentos políticos, nas duas últimas décadas, instituíram a 
democracia nacional. O voto livre e secreto, as manifestações públicas e
 o direito de associação para fins políticos estão assegurados. 
Indivíduos e grupos têm liberdade para desejarem e possuem disposições 
(partidos políticos, sindicatos e associações) para empreenderem 
esforços em busca de alcançarem as coisas desejadas, como trabalho, 
melhores salários, saúde, educação e casa própria. Conquistamos nossa 
democracia, mas ainda precisamos efetivar os princípios republicanos, 
que significa fazer as instituições funcionarem com autonomia. Isto é 
obstaculizado quando os Executivos Municipal e Estadual avançam sobre os
 Legislativos, ao influírem decisivamente na formação de suas mesas 
diretoras; assim, inibindo o contraponto, a fiscalização e o controle de
 suas ações. Eis a bandeira política necessária: democracia republicana 
já!
CARLOS MAZZA
Repórter do Núcleo de Conjuntura do O POVO
Acesas na “ressaca” do pós-eleições, as conversas sobre a formação das 
mesas diretoras do Legislativo costumam ficar à margem do debate 
político. Nas conversas de pé de ouvido e no jogo de interesses que 
permeia a disputa, tudo fica na cozinha da Câmara e da Assembleia. Em 
péssimo exemplo de transparência, até a imprensa sofre para colher 
informações. A impressão que fica é de que as decisões tomadas na cúpula
 do Legislativo dizem respeito só aos deputados e vereadores. Conclusão 
mais falaciosa não há. É ali, na mão de poucos entre poucos, que reside o
 controle da agenda do Executivo e o poder para mudar a cidade e o 
Estado. Essa “consideração” com o povo, aliada aos pífios desempenhos na
 criação de leis e fiscalização do Executivo, ajuda a explicar a falta 
de interesse dos cidadãos na disputa e as altas taxas de renovação do 
Legislativo a cada eleição. Para as novas mesas que assumem ano que vem 
uma súplica: mais transparência, por favor.
PEDRO JORGE MOURÃO
Mestre em Sociologia
Podemos esperar mais do mesmo. O que esperar de 10 homens que foram 
escolhidos sem que a maioria da população pudesse dizer um “aí”? O 
servente, o flanelinha do shopping, o homem do Paratodos, o professor e 
até os mais jovens sabem inconscientemente o que esperar. Os sonhos dos 
políticos são os pesadelos do povo. Na Assembleia, o governo conseguiu o
 apoio da maioria dos deputados, o que dificulta muito uma oposição aos 
caprichos de Cid Gomes. Com relação à Câmara Municipal, podemos esperar 
quase a mesma coisa que vem da mesa da Assembleia. Exceto alguns 
vereadores mais ingênuos (e por isso mesmo corajosos) podem nos 
surpreender. Mas só se não caírem no canto de sereia do governo... E os 
poucos que sobrarem de pé, serão devorados na sobremesa do palácio da 
“escravidão” do Estado. Como já dizia o pensador: Muitas vezes é a falta
 de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e 
futebol com bons sentimentos.
5 comentários:
Eles disseram que Eu não podia ser candidato e fui.
Eles disseram que Eu não seria eleito e fui. comprando voto a qualquer preço, mas fui. Até por que, rapidinho depois que assumir o dinheiro será todo recuperado. O importante e ganhar. O feio mesmo é perder.
Eles disseram que Eu não seria diplomado e fui.
Eles disseram que eu não iria assumir a prefeitura e assumi.
Conclusão: As leis desse país não vale merda. Quem manda sou Eu.
Aconteceu, na Comissão de Educação e Cultura, audiência pública sobre o projeto de lei do MEC que cria o INSAES, Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior. Estou CONVENCIDO da necessidade do INSAES. Os argumentos do MEC são incontestáveis!
O INSAES objetiva transformar os cenários pavorosos da formação em Educação Superior. Claro que órgãos que representam os donos das instituições de ensino superior privadas são contra a criação do INSAES. Não me surpreende!
E eu já soube que, mesmo o projeto do INSAES tendo saído do MEC, o governo federal não moverá sua base para aprová-lo. Infelizmente. O que circula é que a presidenta não quer se indispor com os barões da educação privada nem desestabilizar sua base por causa disso, ou seja, o governo Dilma tende a, mais uma vez, recuar diante de pauta importante e não enfrentar sua base sujeita ao lobby dos barões.
Lugares em que você pode sofrer execução por ser ateu ou ateia:
A IHEU (International Humanist and Ethical Union) apresentou relatório à ONU sobre países em que ateus são condenados à morte ou têm direitos reduzidos. http://www.washingtonpost.com/blogs/worldviews/wp/2012/12/10/the-seven-countries-where-the-state-can-execute-you-for-being-atheist/
Os sete países que matam cidadãos por serem ateus são todos teocracias islâmicas.
O relator especial de liberdade de religião ou crença das Nações Unidas, Heiner Bielefeldt, que é um teólogo católico renomado, aceitou o relatório da IHEU notando que há pouca conscientização global de que o ateísmo é protegido pela lei internacional de direitos humanos.
VOCÊS SÃO MUITO BOBINHOS E AMADORES MESMO. ACHAVAM MESMO QUE EU; SERIA PELO MENOS JULGADO. kkkkkkkkkkkkkkkk... TOLOS.
VÃO CHUPAR MANGA.
Deus Pai tenhas pena deste que se diz o todo poderoso , o mesmo não sabes que o todo poderoso é Vós.
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