domingo, 13 de setembro de 2009

QUANDO A NATUREZA É MAIS FORTE...


Das Antigas
Duques e barões
Demitri Túlio05 Set 2009 - 01h34min
Porque foi proibido de ir às gravações de um especial da Xuxa em Sobral, tentou se matar tomando uma cartela de Metiocolin B12. Comprimidos róseo-hepáticos engolidos a seco no quarto dos pais. Entre grogue e revirando os olhos, desmaiado nos braços de um vaqueiro da família, o menino foi levado às pressas para a Santa Casa de Misericórdia. Era fã, de dar faniquitos, da Xuxa e sempre organizava musicais na garagem da casa. Enquanto o pai não chegava, se enfiava numa peruca loira, botas até os joelhos e roupas brilhosas que ele mesmo costurava. Tinha uns 14 anos e, mesmo depois de tantas surras, nunca abriu mão do sonho de ser uma paquita.
O pai era desses machões sobralenses. Mascate bem sucedido, da rama de um clã tradicional que dava nome a ruas, praças e favelas da cidade. Do naipe dos que foram iniciados por jumentinhas, cabras e cortesãs que serviram no casarão como empregadas. E quengas do mafuá de dona Enedina. O menino nem sempre tinha o brinquedo que desejava. O pai enchia o quarto dele de bolas de futebol, autoramas do Fittipaldi, Ferroramas, índios, soldados americanos, cavalos, Forte Apache... Um dia, o açoitou porque o flagrou despindo o Falcon para ver o que havia entre as virilhas. Foi uma senhora pisa.
Integrante de uma liga católica, apesar de ter filhos fora do casamento e nunca ter deixado de se enrabichar com quem desse cambimento, foi aconselhado a mandar o filho para Fortaleza. Ali havia uns carismáticos que prometiam a cura de meninos salientes, metido às avessas. E assim o fez. Deixou o rapazinho aos cuidados de uma irmã que morava na Duque de Caxias, esquina com Barão do Rio Branco, próximo à Igreja do Carmo. Nada lhe faltava, nem primos que por causa do Atari - presente do Dia das Crianças - o bajulavam.
- Tá bom de besteira véia de vídeo game. Vocês prometeram e agora vão brincar do que eu quero. Vamos brincar de escola. Eu sou a professora!
- Não, escola não. Besteira. De chute a gol na porta da igreja.
- Nem morta, é muito grosseiro e pode assustar a Carmô. Já sei, vamos brincar de boate. - Boate? Como é que se brinca de boate?
- Fácil. Vamos para o meu quarto, eu apago as luzes, boto música das Frenéticas e da Xuxa e a gente dança...
- Não. É muita baitolagem. Essa história termina assim. O menino de Sobral nunca mais voltou à casa do pai que um dia teve um derrame e ficou com uma banda morta. Jovenzinho, foi obrigado a entrar em uma comunidade carismática em São Paulo e virou padre. De volta a Fortaleza, não teve um ano que não comemorasse o aniversário no Duques e Barões - bar que ficava na esquina da rua Barão do Rio Branco com avenida Duque de Caxias. Era o Dia da Xuxa.

VAMOS NÓS: Aos domingos o jornalista Demitri Túlio - Jornal O POVO - escreve a coluna DAS ANTIGAS. Nesse artigo o polivalente Demitri nos brinda com reminescências e conta causos do passado. A partir de agora, sempre que possível, vamos postar esses interessantes textos.

3 comentários:

Deodato Ramalho disse...

Diante desses dados apresentados pelo blogueiro (postado no último BOTANDO A BOCA NO TROMBONE), recomendo a todos confrontar a situação com os gastos apresentados pela Prefeitura, até julho passado, na nova coluna do blog FIQUE POR DENTRO (lado direito da tela, logo abaixo da coluna INSTANTES DE SABEDORIA) e tirem as suas conclusões.

Anônimo disse...

Esta é uma obra de ficção científica. Qualquer semelhança com alguém de Boa Viagem é uma mera coincidência

Prof Alfredo Carlos !! disse...

Colegas blogueiros,

Continuo a insistir que todos esses excessos que o Prefeito comete, tem uma razão de ser. CÂMARA DE VEREADORES, é de lá que saem todas as aprovações, não adianta desviar as atenções para fatos secundários.

É de total responsabilidade dos senhores Vereadores fiscalizar os gastos do Sr. Prefeito Municipal, se fortunas são gastas e não são explicadas, vamos exigir e cobrar dos Vereadores.