Cada um por si
Janio de Freitas
Pelo país afora, o que se depreende é que o PSDB está abandonando Serra; uma cristianização branca
Menos pela excitação quase esportiva das pesquisas do que pelas atitudes de José Serra e do PSDB diante delas, a disputa eleitoral para a Presidência reduz-se a uma pergunta: o que dizer ainda a seu respeito?
É verdade que a Polícia Federal, ao menos até agora, não entrou em cena, como fez nas últimas campanhas com insuspeitada vocação eleitoral, de feitos jamais esclarecidos dada a útil circunstância de que à própria PF coube o dever do esclarecimento.
O ensaio de um ex-delegado federal não passou disso mesmo, agora, com o tal convite para abastecer de dados, sobre oposicionistas, um citado serviço de inteligência da campanha de Dilma Rousseff. Tempo há, mas seria impróprio atribuir a essa expectativa as atitudes de Serra e do PSDB diante da sua performance no skate em ladeira.
Pode-se achar que Serra se mostra um político frio ou se mostra à maneira de uma personalidade, digamos, olímpica. Com a frieza de quem já esperasse mesmo, de muito tempo ou de sempre, o que pode agora confirmar. Ou reage, quer dizer, não reage, com o sentimento de que nada pode atingir sua superioridade pessoal e política, não sendo o seu momento eleitoral mais do que uma situação de injustiça.
Talvez Serra até concilie as duas possibilidades. O fato é que seu imobilismo não condiz com o empenho em sobrepujar Aécio Neves, como possível candidato, e, ainda mais, com a renúncia ao governo de São Paulo - segundo mandato a que renuncia.
A cúpula e os quadros do PSDB não se mostram frios nem olímpicos. Os candidatos, assim como seus aliados do DEM, são um poço até aqui de queixas. E não de hoje, mas em alta tensão desde que as pesquisas passaram a refletir-se nas condições eleitorais dos Estados.
Queixam-se da falta de consideração pessoal e de empenho político de Serra; de falta de apoio material e organização do PSDB, de impossibilidade até da comunicação mais simples com os comandos da campanha e do partido.
Daí não sai nenhum empenho por alguma recuperação de Serra. O que resulta é ainda pior.
Os quadros ativos e os dirigentes do PSDB fazem uma nova modalidade de cristianização de Serra, lembrando a atitude do velho PSD que lançou Cristiano Machado para a Presidência mas, na prática, abandonou-o para contribuir com a eleição de Getúlio.
O PSDB, visto o que ocorre com Serra, não se volta para a prioridade apenas aos seus quatro principais candidatos estaduais, em São Paulo, Minas, Goiás e Paraná.
Pelo país afora, o que se depreende é que o PSDB está abandonando Serra, ainda que sem deslocar o trabalho de apoio para Dilma.
Uma cristianização branca. Suficiente para evitar confrontos agudos e assim fazer com que os candidatos peessedebistas se preservem para as relações, se eleitos, com o possível governo de Dilma.
Serra e o PSDB adotam atitudes incompatíveis com a evidência de que, por ora, sua recuperação para chegar ao segundo turno não é tão problemática. E, mesmo sem a contribuição de delegados (se faltar, de fato), o segundo turno é também jogo, e jogo em aberto.
O PSDB é mesmo difícil de entender.
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Janio de Freitas
Pelo país afora, o que se depreende é que o PSDB está abandonando Serra; uma cristianização branca
Menos pela excitação quase esportiva das pesquisas do que pelas atitudes de José Serra e do PSDB diante delas, a disputa eleitoral para a Presidência reduz-se a uma pergunta: o que dizer ainda a seu respeito?
É verdade que a Polícia Federal, ao menos até agora, não entrou em cena, como fez nas últimas campanhas com insuspeitada vocação eleitoral, de feitos jamais esclarecidos dada a útil circunstância de que à própria PF coube o dever do esclarecimento.
O ensaio de um ex-delegado federal não passou disso mesmo, agora, com o tal convite para abastecer de dados, sobre oposicionistas, um citado serviço de inteligência da campanha de Dilma Rousseff. Tempo há, mas seria impróprio atribuir a essa expectativa as atitudes de Serra e do PSDB diante da sua performance no skate em ladeira.
Pode-se achar que Serra se mostra um político frio ou se mostra à maneira de uma personalidade, digamos, olímpica. Com a frieza de quem já esperasse mesmo, de muito tempo ou de sempre, o que pode agora confirmar. Ou reage, quer dizer, não reage, com o sentimento de que nada pode atingir sua superioridade pessoal e política, não sendo o seu momento eleitoral mais do que uma situação de injustiça.
Talvez Serra até concilie as duas possibilidades. O fato é que seu imobilismo não condiz com o empenho em sobrepujar Aécio Neves, como possível candidato, e, ainda mais, com a renúncia ao governo de São Paulo - segundo mandato a que renuncia.
A cúpula e os quadros do PSDB não se mostram frios nem olímpicos. Os candidatos, assim como seus aliados do DEM, são um poço até aqui de queixas. E não de hoje, mas em alta tensão desde que as pesquisas passaram a refletir-se nas condições eleitorais dos Estados.
Queixam-se da falta de consideração pessoal e de empenho político de Serra; de falta de apoio material e organização do PSDB, de impossibilidade até da comunicação mais simples com os comandos da campanha e do partido.
Daí não sai nenhum empenho por alguma recuperação de Serra. O que resulta é ainda pior.
Os quadros ativos e os dirigentes do PSDB fazem uma nova modalidade de cristianização de Serra, lembrando a atitude do velho PSD que lançou Cristiano Machado para a Presidência mas, na prática, abandonou-o para contribuir com a eleição de Getúlio.
O PSDB, visto o que ocorre com Serra, não se volta para a prioridade apenas aos seus quatro principais candidatos estaduais, em São Paulo, Minas, Goiás e Paraná.
Pelo país afora, o que se depreende é que o PSDB está abandonando Serra, ainda que sem deslocar o trabalho de apoio para Dilma.
Uma cristianização branca. Suficiente para evitar confrontos agudos e assim fazer com que os candidatos peessedebistas se preservem para as relações, se eleitos, com o possível governo de Dilma.
Serra e o PSDB adotam atitudes incompatíveis com a evidência de que, por ora, sua recuperação para chegar ao segundo turno não é tão problemática. E, mesmo sem a contribuição de delegados (se faltar, de fato), o segundo turno é também jogo, e jogo em aberto.
O PSDB é mesmo difícil de entender.
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Um comentário:
Colegas blogueiros,
Não duvido nada, que essa prática chegue por aqui. Aliás, essa prática de abandonar candidatos é uma tônica predominante nos ninhos tucanos. No passado deixaram o Lúcio conversando sozinho. Dessa vez, a vítima será o Serra, que cada dia perde terreno para Dilma Roussef.
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