terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"PERIGOSAS" QUALIDADES...

 O PERIGO DE LUTAR EM TODAS AS FRENTES AO MESMO TEMPO
Por Carlos Chagas  João Goulart foi deposto por açodamento: quis fazer todas as reformas de base ao mesmo tempo. Despertou contra ele a oposição de sucessivos segmentos sociais, culminando quando deu apoio à quebra da hierarquia militar. Ao pregar a reforma agrária, levantou a poderosa categoria dos donos da terra. “Armai-vos uns aos outros” foi lema rotineiro na época. Com a reforma social, tentando ampliar direitos trabalhistas, teve contra ele o empresariado, também apavorado com a perspectiva de mais impostos e limitação de suas prerrogativas, sem falar na participação dos empregados no lucro das empresas. Jango perdeu a classe média ao estimular greves e paralisações nos meios operários, entregando o setor sindical aos comunistas. Assustou as multinacionais com nova lei restritiva da remessa de lucros para o exterior. Desapropriou refinarias e empresas prestadoras de serviços públicos, nacionais e estrangeiras. Quis interromper a farra dos bancos com a criação de mais entraves nas operações financeiras. Perdeu o Congresso, majoritariamente conservador, ao prestigiar setores da extrema esquerda. Sua reforma do ensino previa o estrangulamento das escolas e universidades privadas, enquanto na saúde, enfrentou os laboratórios estrangeiros criando um sucedâneo estatal, produtor de remédios a baixo custo. Não esqueceu a reforma urbana para limitar o preço crescente dos aluguéis e impedir que casas e apartamentos ficassem vazios em prol da especulação imobiliária. Na política externa, manteve abertas as portas para o Terceiro Mundo. Foi embora o que lhe restava de apoio quando respaldou associações de sargentos até então impedidos de candidatar-se a postos eletivos caso não se demitissem das forças armadas. Ao anistiar marinheiros e fuzileiros navais rebelados, estava no chão, de nada adiantando o anunciado programa de comícios em praça pública para fazer, por decreto, o que o Congresso não fazia por lei, ou seja, as reformas de base. Ficou no primeiro comício, na Central do Brasil, no Rio, defronte ao ministério da Guerra, senão por provocação, ao menos por ingenuidade. Caiu, vale repetir, por açodamento, por despertar de uma só vez a oposição da maior parte das forças nacionais. Por que se recorda esse capítulo fascinante e ainda inconcluso da história do país? Porque a presidente Dilma, agora assumindo sua candidatura à reeleição, precisa meditar se não está regendo a mesma partitura, ainda que em decibéis por enquanto mais baixos. Apesar das aparências, contra ela está o sistema financeiro, com os bancos engolindo sem digerir a súbita queda dos juros e a supressão de uma série de vantagens que levavam sobre os depositantes e sobre a economia nacional. O empresariado é prestigiado por ela quando se trata de pedir sugestões até agora não atendidas, ou muito pouco, como o anunciado desafogo nas folhas de pagamento das empresas. As restrições ao crédito, promovidas pelo sistema bancário, são debitadas a ela, ou à sua equipe econômica,
não aos bancos. Mesmo levando a reforma agrária a passos de tartaruga, a presidente não atende as exigências do agro-negócio e desperta amuos nos exportadores. Posicionou-se em franca oposição às nações ricas ao pregar que a crise econômica deve ser enfrentada com crescimento, não com demissões e cortes nos investimentos sociais. Não é de graça que o Brasil quase parou de crescer, entre outras causas, por não estar alinhado à política dos poderosos. Mesmo anunciando pequenas privatizações, deixou de sensibilizar investidores ao manter rígido controle estatal sobre a esperada e não concretizada abertura ao capital privado. Contra ela insurge-se boa parte do funcionalismo público, com ênfase para os professores, por conta da compressão salarial. Junte-se ao grupo os aposentados e pensionistas que recebem pouco acima do salário mínimo e vem sendo reduzidos a cada ano. As próprias centrais sindicais ameaçam com pruridos de inconformidade, frustradas pelo isolamento a que foram condenadas nos últimos dois anos. Ao lado delas, os partidos políticos, a começar pelo PT, deixados à margem ou mal atendidos, como não desejariam. Não é de graça que o PMDB apresenta o que tem de pior para as presidências do Senado e da Câmara. A classe média custa a exprimir-se, mas nem de longe anda satisfeita. Basta ver a ampla votação que, mesmo derrotado, José Serra obteve para a prefeitura de São Paulo. A Igreja isolou-se nas sacristias mas ressente-se por não estar sendo convocada. Os militares? Deglutem sapos em posição de sentido, mas amontoam ressentimentos, desde a mínima renovação de seu equipamento às atividades da Comissão da Verdade e à exaltação e ao aproveitamento de quantos, como Dilma, dedicaram-se na juventude ao sonho irreal da subversão. As forças armadas cumprem hoje a missão constitucional, mas o seu óbvio desconforto, se não pode ser transformado em sublevação, também jamais reverterá em apoio. Em suma, se não há que comparar os idos de 1964 com os tempos atuais, torna-se necessário atentar para as lições do passado, que se raras vezes nos aponta o que fazer, quase sempre nos revela o que evitar. No caso, a importância de não serem abertas de uma só vez todas as frentes de luta, razão maior da queda de Jango e, ao menos, um obstáculo à reeleição de Dilma Rousseff...

3 comentários:

adriano nunes disse...

lendo o relatorio do CGU olhe que coisa engraçada
Pag 109

Por meio da solicitação de Fiscalização CGU nº 05/2011–MDS, de 25/08/2011, foi solicitado o
controle dos atendimentos realizados pelos CRAS no período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de
julho de 2011, tendo a Prefeitura apresentado dois Boletins Diários de Serviços de Orientação
referentes ao CRAS II, sendo um de 2010 e outro de 2011.
Da análise desses Boletins, relativos ao exercício de 2010, constatamos que houve apenas 34 dias
de atendimentos durante todo o ano, representando aproximadamente 12,88% dos 264 dias úteis
do ano, assim discriminados:
- janeiro a setembro – atendimentos realizados somente nas quartas-feiras, com exceção do dia
07/03/2010, que estranhamente está anotado que houve atendimento no CRAS num dia de
domingo.

Pag 115

Constatamos superfaturamento na contratação do veículo ônibus para 30 lugares, referente ao
Contrato 1301.01/2010 – 09 STAS (IGD), cujo o objetivo é atender a diversas secretarias do
município. Ressalte-se que no exercício de 2010 somente foi comprovado a utilização do
referido veículo para o transporte de beneficiários do Programa Bolsa Família do município de
Boa Viagem para a Caixa Econômica no Município de Canindé/Ce.
O referido Contrato estipula o pagamento do valor fixo de R$ 6.470,00 mensais.
De acordo com as listas de chamada dos beneficiários, levantamento realizado no exercício de
2010, o veículo fez 17 viagens à Canindé. Considerando que o percurso ida-volta entre as duas
cidades somam 240 km e multiplicando essa quilometragem pelo número de viagens realizada em
2010, encontramos 4.080 Km rodados em 2010. Se multiplicarmos essa quilometragem pelo valor
de R$ 1,83 (valor cobrado por km estipulado para o veículo semelhante no contrato 1301/2010 –
08 – STAS), o qual tem o mesmo objetivo do Contrato nº 1301.01/2010 – 09 STAS, encontramos
o valor de R$ 7.466,40. No entanto, verificamos que no exercício de 2010 foram pagos sete
parcelas de R$ 6.470,00, totalizando R$ 45.290,00, o que representa um superfaturamento de R$
38.820,00.

Anônimo disse...

Aguenta boa viagem!!!!!!

Anônimo disse...

Ou seja, um microônibus de Boa Viagem a Canindé custaria ida e volta pouco mais de R$ 300 reais por viagem. Contando que ainda teria que reter ISS, IRPJ, e outros impostos. Quem se habilita a fazer a viagem neste valor? Façam-me rir seus demagogos. Aliás, me façam parar de rir.