ESPERTEZA, QUANDO CRESCE DEMAIS ENGOLE O DONO.

Acompanhando a entrevista do senador Tasso Jereissati, cujo projeto foi fragorosamente derrotado no dia 03 de outubro, não pude deixar de lembrar da famosa frase do ex-governador mineiro Aureliano Chaves: "esperteza, quando cresce demais engole o dono". A frase cabe perfeitamente às atitudes do ex-todo poderoso Tasso Jereissati. Na entrevista, tipo uma autocrítica tardia, o ainda senador reconhece o erro estratégico de não ter se apresentado juntamente com outro candidato ao senado. Ora, essa foi mais uma esperteza do senador Tasso. Primeiro, assim que perdeu a eleição em 2002 imediatamente aderiu ao governo, para não perder a larga influência exercida no Ceará nos últimos 24 anos. Como pensava em apoiar Cid para facilitar a sua própria eleição para o senado, dentro da lógica de salvar a própria pele e pouco se lixar para o destino dos seus companheiros de partido e do próprio partido, como muitos de seus aliados se queixam abertamente, topava até receber um apoio informal do governador Cid, aliando-se, portanto, ao Partido dos Trabalhadores que ele tanto ataca. Como o PT e o governador Cid não topou essa promiscuidade política, o que fez o senador? Simples, partiu para mais uma tentativa de salvar a própria pele utilizando-se da estratégia de lançar um candidato despreparado ao governo do Estado para sobressair-se com sua candidatura ao senado. A segunda esperteza, que acabou lhe engolindo, foi articular uma aliança informal com vários prefeitos e lideranças ligadas ao Eunício Oliveira, estimulando a dobradinha Tasso e Eunício, sem contar que até mesmo o voto casado com o senador eleito José Pimentel, vindos de setores simpatizantes do PT, inclusive no meio empresarial, facilitaria enormemente a vida do sempre arrogante Tasso Jereissati. Era tudo que o "rei" queria: "eu terei o primeiro voto dos meus eleitores cativos e terei o segundo votos de todos os outros candidatos". Faltou combinar esse oportunismo eleitoreiro com o eleitor.

Hoje, após a estupenda derrota, o senador dá a mão à palmatória e reconhece que cometeu o erro de não ter se articulado com outra candidatura ao senado. Não foi um erro, mas sim uma esperteza que furou. Tasso fez o que sempre fez: resolver o seu problema, nem que, para isso, tivesse que sacrificar, como fez, vários companheiros e o próprio partido. Quando sentiu que a estratégia tinha furado, correu para os braços do candidato Alexandre Pereira para tentar reverter a queda constante nas pesquisas. Já era tarde. Enfim, "esperteza, quando cresce muito engole o dono."

O mea-culpa do senador está no O POVO de hoje http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2010/10/05/noticiapoliticajornal,2049535/em-sua-despedida-tasso-expoe-magoas-contra-cid-e-ciro.shtml