Afasta de mim esse cálice: Serra chama de ‘fantasiosas’ informações exploradas por sua adversária de que ex-diretor da Dersa Paulo Vieira Souza teria arrecadado R$ 4 milhões para a campanha presidencial do PSDB e depois desaparecido com o dinheiro. Em tom de ameaça, Paulo Preto cobrou na véspera que tucano o defendesse.
Revista ISTOÉ – 14 de agosto 2010“Segundo oito dos principais líderes e parlamentares do PSDB ouvidos por ISTOÉ, Souza, também conhecido como Paulo Preto ou Negão, teria arrecadado pelo menos R$ 4 milhões para as campanhas eleitorais de 2010, mas os recursos não chegaram ao caixa do comitê do presidenciável José Serra. Como se trata de dinheiro sem origem declarada, o partido não tem sequer como mover um processo judicial. “Ele arrecadou por conta própria, sem autorização do partido. Não autorizamos ninguém a receber dinheiro de caixa 2. As únicas pessoas autorizadas a atuar em nome do partido na arrecadação são o José Gregori e o Sérgio Freitas”, afirma o ex-ministro Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB. “Não podemos calcular exatamente quanto o Paulo Preto conseguiu arrecadar. Sabemos que foi no mínimo R$ 4 milhões, obtidos principalmente com grandes empreiteiras, e que esse dinheiro está fazendo falta nas campanhas regionais”, confirma um ex-secretário do governo paulista que ocupa lugar estratégico na campanha de José Serra à Presidência.
Segundo dois dirigentes do primeiro escalão do partido, o engenheiro arrecadou “antes e depois de definidos os candidatos tucanos às sucessões nacional e estadual”. Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor arrecadado antes do lançamento oficial das candidaturas, o que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores. “Essa arrecadação foi puramente pessoal. Mas só faz isso quem tem poder de interferir em alguma coisa. Poder, infelizmente, ele tinha. Às vezes, os governantes delegam poder para as pessoas erradas”, afirmou à ISTOÉ Evandro Losacco, membro da Executiva do PSDB e tesoureiro-adjunto do partido, na quarta-feira 11″ (ISTOÉ – 14 de agosto 2010 – Um tucano bom de bico)
Serra defende aliado acusado por Dilma
Segundo turno. Tucano chama de ‘fantasiosas’ informações exploradas por sua adversária de que ex-diretor da Dersa Paulo Vieira Souza teria arrecadado R$ 4 milhões para a campanha presidencial do PSDB e depois desaparecido com o dinheiro
Julia Duailibi ENVIADA ESPECIAL APARECIDA – O Estado de S.Paulo
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, saiu ontem em defesa do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza e classificou como “fantasiosas” informações de que ele teria arrecadado R$ 4 milhões para a campanha presidencial do PSDB e depois desaparecido com o dinheiro.
Durante o debate da TV Bandeirantes de domingo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, mencionou o engenheiro. Disse que ele “fugiu” com recursos supostamente arrecadados para custear a campanha tucana, conforme reportagem da revista IstoÉ, em agosto.
Após participar de missa na Basílica de Aparecida, Serra defendeu o ex-diretor da Dersa, um dos responsáveis pelas obras do Rodoanel na sua gestão no governo paulista e exonerado do cargo quando Alberto Goldman (PSDB) assumiu o Palácio dos Bandeirantes, em abril deste ano.
“Isso não é verdade. Ele não fez nada disso, ele é totalmente inocente nessa matéria”, disse o tucano, que ainda chamou Paulo Souza, conhecido como Paulo Preto, de “competente”.
“A relação que eu sempre tive com a Dersa, com a área de transportes, era através do secretário ou do presidente da empresa. Evidente que eu sabia do trabalho do Paulo Souza, que é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de engenheiro do ano, no ano passado. Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo”, completou o candidato.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada ontem, o ex-diretor da Dersa fez ameaças veladas ao PSDB e cobrou do candidato tucano que o defendesse das acusações de Dilma. “Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”, declarou Souza.
Em viagem a Goiânia, anteontem, indagado sobre o ex-diretor da Dersa, Serra chegou a dizer: “Não sei quem é Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês fiquem perguntando.”
O candidato, que disse inicialmente não ter lido a entrevista, chegou a declarar, em Aparecida, que a acusação levantada contra o ex-diretor da Dersa era injusta. “A acusação contra ele é injusta. Não houve desvio de dinheiro da campanha por parte de ninguém”, afirmou, destacando que, por ser o candidato a presidente, saberia se isso tivesse ocorrido.
Serra negou que a ausência do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira na missa ontem tivesse relação com o caso. Aloysio é amigo de Paulo Souza e pegou R$ 300 mil emprestados com ele para comprar um apartamento em Higienópolis – o senador eleito diz que o empréstimo foi pago e consta das suas declarações de Imposto de Renda.
“Isso aí é uma coisa de relações pessoais, não vejo nada de especial nisso”, comentou o presidenciável. Serra partiu então para o ataque à adversária. “O curioso é que Dilma está preocupada com problemas internos da nossa campanha, quando a nossa preocupação é com o destino do dinheiro da Casa Civil, dinheiro dos contribuintes.”
Serra defende ex-diretor acusado por PT de caixa 2
Em tom de ameaça, Paulo Preto cobrou na véspera que tucano o defendesse
“Não houve desvio de dinheiro de campanha por parte de ninguém, nem do Paulo Souza”, disse o presidenciável
BRENO COSTA – FOLHA SP
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, saiu ontem em defesa do ex-diretor de engenharia da Dersa (empresa estatal paulista responsável por obras viárias) Paulo Vieira de Souza.
Conhecido como Paulo Preto, o engenheiro foi citado pela candidata Dilma Rousseff (PT) no último domingo, durante debate na Band.
Baseada em reportagem publicada pela revista “IstoÉ”, a petista afirmou que ele “fugiu” com R$ 4 milhões originalmente destinados por empresários à campanha de Serra.
Em entrevista à Folha, ontem, Paulo Preto, exonerado da Dersa em abril, afirmou que, apesar de não serem amigos, Serra o “conhece muito bem” e, em tom de ameaça, disse que “não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada”.
“Não cometam esse erro”, afirmou ele.
Em entrevista após participar de missa solene em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), Serra disse não ter lido as declarações do ex-diretor, mas afirmou que “a acusação contra ele é injusta” e que o engenheiro é “totalmente inocente”.
“Não houve desvio de dinheiro de campanha por parte de ninguém, nem do Paulo Souza”, disse.
Indagado, Serra não respondeu se conhecia efetivamente Paulo Preto -cujo apelido classificou de “preconceituoso”.
Mas, baseado em relatos de integrantes de seu governo na área de transportes, disse nunca ter recebido acusações contra ele.
“Ele é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de Engenheiro do Ano, no ano passado. Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo”, disse o candidato.
O tucano disse que não falou sobre o assunto durante o debate porque a afirmação de Dilma foi feita durante uma tréplica, quando ele não tinha mais direito à palavra.
O candidato tucano insinuou que, ao jogar na campanha o nome de Paulo Preto, Dilma busca desviar a atenção em relação às denúncias de tráfico de influência na Casa Civil.
“O curioso é que Dilma está preocupada com problemas internos da nossa campanha quando a nossa preocupação é com o destino do dinheiro da Casa Civil, dinheiro público. Não é dinheiro que algum empresário doou para uma campanha.”
O tucano acusou Dilma e o PT de terem produzido, com sucesso, um “factoide para pegar na imprensa”.
“Estão fazendo uma tempestade não é num copo, é num cálice de água”, disse.
Um comentário:
o pior de tudo isso, é saber que a ignorância brasileira predomina! Política é coisa séria, mas muitos acreditam em tudo, e quando não, nem ao menos se interessam, apenas votam por votar, ou votam no que aparece em alta no IBOPE, para ‘não perderem seus votos’.
Gostaria de me orgulhar do povo brasileiro, mas está difícil!
Sinto vergonha alheia, isso sim!
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