Alguns blogs superam os jornais
Por Blog do Miro
Por José Dirceu, em seu blog:Li o artigo de Izabela Vasconcelos no portal Comunique-se . Por ele, fui informado de que alguns blogs neste país já ostentam uma penetração maior que muitos jornalões brasileiros. Os jornalistas Juca Kfouri (UOL), Patrícia Kogut, Fernando Moreira, Ricardo Noblat (de O Globo) e Marcelo Tas (do portal Terra) são citados como exemplos de blogueiros que, em sua maioria, alcançaram uma leitura diária equivalente ou superior à circulação dos dez maiores jornais brasileiros – de tiragens entre 125 mil e 295 mil exemplares diários.Izabela informa que Patrícia Kogut, que escreve sobre cultura e televisão, já é lida por cinco milhões de leitores por mês mensalmente, com 14 milhões de páginas visualizadas. Juca Kfouri recebe três milhões de visitantes únicos por mês, ou quase cinco milhões de visualizações de página. Ricardo Noblat, por sua vez, conseguiu que seu blog de política tenha 257 mil visitantes únicos por mês. O artigo faz questão afirmar que blogs e jornais/portais não seriam rivais na disputa do leitor, uma vez que os donos de grandes veículos mantêm as páginas líderes de audiência hospedadas em seus sites, como é o caso do UOL/Folha, O Globo e Terra.Blogueiros independentesMas, quero discordar da tese. A grande novidade da blogosfera são, exatamente, os blogueiros independentes, aqueles que estão à margem dos jornalões, que não têm
rabo preso com ninguém, a não ser com a própria consciência. Mês passado conheci dezenas deles que, assim como eu, usam a Internet para veicular opiniões e debater visões de mundo negligenciadas pela mídia, ou a ela contrárias. Esse universo de autores ousou, inclusive, discutir, em Brasília, durante II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, o papel político da mídia tradicional.Naquela ocasião, durante três dias, blogueiros, militantes de movimentos sociais e representantes do poder público debateram os caminhos e desafios da Internet. E a fantástica experiência de, a despeito da velha imprensa, ser um autor independente na Internet, com uma relação direta com milhares de leitores, sem qualquer mediação.Como diz o ex-presidente Lula, o papel da blogosfera é ser uma alternativa para que a sociedade formule e veicule suas próprias ideias. Para ele, este é um espaço em que o cidadão pode exercer o seu direito de ser também um formador de opinião pública.Aproveito, aqui, para retomar as bandeiras defendidas no II Encontro de Blogueiros Progressistas: a democratização dos meios de comunicação, um novo marco regulatório no setor e a difusão da internet banda larga no país. Na blogosfera, além dos blogueiros independentes, o que há de mais importante é o debate que eles propiciam.Internet e direito autoralAproveito, ainda, para recomendar o artigo de Marcelo Branco, ativista pela liberdade do conhecimento e ex-dirigente da Associação Software Livre, hoje em O Globo. Ele argumenta que, no âmbito da internet, com a mudança de hábitos do público consumidor e com os novos modelos de distribuição de conteúdos autorais – à margem da indústria fabril-, é importante a discussão sobre a reforma do direito autoral.“A nova lei”, afirma, “deve projetar o futuro e não se espelhar num modelo passado”. Para o autor, “o público não é inimigo dos autores”. E aponta a confusão criada entre os conceitos de “cópias privadas” de conteúdos autorais obtidos por meio da internet e “pirataria”. “Pirataria é o uso e a comercialização de cópias ilegais, para benefício econômico”, define. O direito a uma cópia privada, sem o intuito de lucro, defende Branco, seria uma expressão do princípio da liberdade do uso privado.Branco também argumenta que, para se coibir o compartilhamento de conteúdos na internet – em nome do direito autoral – é necessário a instituição de uma vigilância generalizada e a quebra de privacidade dos cidadãos. A tese é algo inaceitável no Estado de direito democrático, argumenta. Segundo o ex-dirigente da Associação Software Livre, a revisão da regulação do direito autoral é uma oportunidade importante para se estabelecer um novo equilíbrio entre o direito de autor, a liberdade do uso privado e novas formas de remuneração da cadeia produtiva cultural.A discussão levantada por Branco é importante e merece ser aprofundada. Vamos acompanhar e participar deste debate.
rabo preso com ninguém, a não ser com a própria consciência. Mês passado conheci dezenas deles que, assim como eu, usam a Internet para veicular opiniões e debater visões de mundo negligenciadas pela mídia, ou a ela contrárias. Esse universo de autores ousou, inclusive, discutir, em Brasília, durante II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, o papel político da mídia tradicional.Naquela ocasião, durante três dias, blogueiros, militantes de movimentos sociais e representantes do poder público debateram os caminhos e desafios da Internet. E a fantástica experiência de, a despeito da velha imprensa, ser um autor independente na Internet, com uma relação direta com milhares de leitores, sem qualquer mediação.Como diz o ex-presidente Lula, o papel da blogosfera é ser uma alternativa para que a sociedade formule e veicule suas próprias ideias. Para ele, este é um espaço em que o cidadão pode exercer o seu direito de ser também um formador de opinião pública.Aproveito, aqui, para retomar as bandeiras defendidas no II Encontro de Blogueiros Progressistas: a democratização dos meios de comunicação, um novo marco regulatório no setor e a difusão da internet banda larga no país. Na blogosfera, além dos blogueiros independentes, o que há de mais importante é o debate que eles propiciam.Internet e direito autoralAproveito, ainda, para recomendar o artigo de Marcelo Branco, ativista pela liberdade do conhecimento e ex-dirigente da Associação Software Livre, hoje em O Globo. Ele argumenta que, no âmbito da internet, com a mudança de hábitos do público consumidor e com os novos modelos de distribuição de conteúdos autorais – à margem da indústria fabril-, é importante a discussão sobre a reforma do direito autoral.“A nova lei”, afirma, “deve projetar o futuro e não se espelhar num modelo passado”. Para o autor, “o público não é inimigo dos autores”. E aponta a confusão criada entre os conceitos de “cópias privadas” de conteúdos autorais obtidos por meio da internet e “pirataria”. “Pirataria é o uso e a comercialização de cópias ilegais, para benefício econômico”, define. O direito a uma cópia privada, sem o intuito de lucro, defende Branco, seria uma expressão do princípio da liberdade do uso privado.Branco também argumenta que, para se coibir o compartilhamento de conteúdos na internet – em nome do direito autoral – é necessário a instituição de uma vigilância generalizada e a quebra de privacidade dos cidadãos. A tese é algo inaceitável no Estado de direito democrático, argumenta. Segundo o ex-dirigente da Associação Software Livre, a revisão da regulação do direito autoral é uma oportunidade importante para se estabelecer um novo equilíbrio entre o direito de autor, a liberdade do uso privado e novas formas de remuneração da cadeia produtiva cultural.A discussão levantada por Branco é importante e merece ser aprofundada. Vamos acompanhar e participar deste debate.
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