DIRETOR DA PETROBRAS FALA DO DIESEL + LIMPO. NO EVENTO DEODATO RAMALHO DISCUTE PARCERIA DA PMF COM A GIGANTE DO PETRÓLEO.

PARCERIA COM PETROBRAS
Japonesa poderá bancar refinaria Premium II
Refinaria do Ceará, a ser encravada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, além de consolidar um sonho cearense, deverá mudar a face do Estado (Foto: Juliana Vasquez)

Diretor da Petrobras afirma que negociações com a Mitsui para refinaria estão ´bastante avançadas´A empresa japonesa Mitsui poderá bancar integralmente os investimentos para instalação da refinaria Premium II no Ceará. A Petrobras, que assinou um Memorando de Entendimentos com o grupo estrangeiro para sua integração no projeto cearense, deverá firmar a parceria. Apesar de as negociações ainda estarem sendo feitas, de acordo com o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que concedeu coletiva à imprensa ontem, em Fortaleza, os entendimentos estão ´bastante avançados´.De acordo com o diretor, a alternativa que está sendo avaliada é de os japoneses tornarem-se sócios minoritários da usina, responsabilizando-se pelo aporte de US$ 11,1 bilhões estimados para a sua construção. ´Acredito que ela [a Mitsui], possivelmente, vá trazer outros sócios, já que o investimento é muito grande para uma refinaria desse porte´, complementa ele.Paulo Roberto informou que a intenção é de que os japoneses passem a ter algo em torno de 20% dos ativos da usina, ficando os 80% restantes com a Petrobras. ´O pagamento desse financiamento pode ter a possibilidade de ser feito também com produtos que a gente virá a produzir na refinaria. Forneceríamos à Mitsui e ao Japão, eles tem um interesse muito grande nisso, inclusive o governo japonês´, afirma. A estatal já havia confirmado as negociações através de nota, onde afirmava que o investimento previsto e as fases do projeto estão mantidos. O início das operações do empreendimento está previsto para setembro de 2013.A Mitsui, uma das maiores forças da economia japonesa, já é parceira da Petrobras em outros projetos da estatal. Acordo firmado entre as duas prevê a construção de 40 usinas de álcool no Brasil, ficando ambas as empresas como minoritárias nos empreendimentos (com limite de 30% de participação). Cada usina estaria avaliada em US$ 200 milhões, com capacidade de produção de 200 a 250 milhões de litros de álcool por ano.Assim como está fazendo com a Premium II, a Petrobras assinou um memorando com a também japonesa Marubeni Corporation para a construção da Premium I, a ser erigida no Estado do Maranhão.Podendo processar 600 mil barris diários de petróleo, a unidade maranhense terá o dobro da capacidade da usina cearense, e está estimada em US$ 20 bilhões.EntravesApesar desse avanço, a instalação da refinaria no complexo do Pecém ainda encontra um entrave: a entrega do terreno à Petrobras, a ser realizada pelo Governo do Estado. Existe uma processo sendo tramitado na Justiça que afirma que em parte da área a ser destinada à usina se encontra uma reserva indígena.O diretor da Petrobras se reuniu ontem com o governador para tratar do assunto e, de acordo com a assessoria de imprensa do governo, Cid Gomes tranqüilizou o diretor afirmando que as desapropriações estão ocorrendo normalmente dentro dos prazos.LubnorA Petrobras também está com um estudo em desenvolvimento para definir como ficará a sua atual Unidade de Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), refinaria de pequeno porte localizada no bairro Vicente Pinzón. ´A alternativa, ainda que não conclusiva, porque ainda não terminamos os estudos, é de que a Lubnor seja absorvida pela Premium II´, informa o diretor de Abastecimento da Petrobras.Tal transferência da unidade para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, onde se localizará a Premium II, já foi, inclusive, sugerida por parlamentares cearenses, posto que a Lubnor se encontra inserida em meio a residências e tanques de combustível.A Lubnor já havia prevista, para o segundo semestre do ano passado, a contratação da empresa que faria a duplicação das instalações da refinaria. De acordo com o gerente de Comercialização da Lubnor, Eduardo Bellaguarda, as obras de terraplanagem já foram concluídas, mas o processo de duplicação foi paralisado à espera da decisão da Petrobras sobre o futuro da usina, através do estudo de sinergia com a Premium II em processo.A Lubnor foca a sua atuação na produção de asfalto e lubrificantes, gerando empregos para cerca de 900 pessoas.

NO CEARÁ

Unidade de refino vai produzir diesel menos poluente, o S-10Para seguir a tendência de diminuição de poluentes nos combustíveis fósseis, a Premium II, futura refinaria cearense, produzirá o Diesel S-10, derivado ainda menos poluente que o S-50, comercializado desde o dia 1º de maio deste ano em todos os postos de combustíveis da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). De acordo com o diretor Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, existe um acordo feito com o Ministério Público para que, a partir de 2013, todo o diesel comercializado seja do tipo S-10. Apesar de a refinaria cearense ser voltada para a exportação, ele diz que parte de sua produção de diesel será utilizada para abastecer o mercado nacional. Antes do dia 1º de maio os postos de combustíveis de Fortaleza vendiam o diesel S-500, dez vezes mais poluente que o S-50, com maior teor de enxofre. A alteração foi divulgada ontem pelo diretor da Petrobras. Neste período, quase 40 mil m³ do combustível foram comercializados na região.De acordo com Paulo Roberto, apesar de o S-50 ser entre 8% e 10% mais caro nas refinarias, ele não está sendo revendido a preços superiores ao S-500. Atualmente, o diesel que está vindo à RMF é importado, mas a Petrobras pretende que o abastecimento possa, no futuro, ser feito completamente por diesel produzido no País.

Parceria com a Prefeitura

Durante a coletiva, o secretário de Meio Ambiente de Fortaleza, Deodato Ramalho, afirmou que existem planos de criar uma parceria com a Petrobras para que a Capital forneça óleo de cozinha já usado para a estatal, material utilizado para a produção de biodiesel. A cidade ainda não tem uma destinação econômica para esse óleo, que é despejado no esgotamento sanitário.O diretor da Petrobras afirmou que será feita uma avaliação dessa possibilidade.

(DN - NEGÓCIOS, 16.06.2009)