quarta-feira, 7 de julho de 2010

OPOSIÇÃO DE MENTIRINHA. O JOGO DO FAZ-DE-CONTA DO PSDB NO FACTÓIDE DA CPI DO CASTELÃO. TUDO PARA ENGANAR OS TROUXAS.

O itinerário de uma obviedade
Fábio Camposfabiocampos@opovo.com.br0 7/07/2010 02:00
Atualizada às: 06/07/2010 23:28
Logo que saiu a primeira informação acerca do pedido de CPI para analisar a licitação do novo Castelão, os bastidores começaram a apontar a saída clássica da bancada governista, que, apesar da reviravolta política, conseguiu manter uma maioria de 2/3 da Assembleia. O caminho era o seguinte: aprovar a instalação de outras duas CPIs. O regimento interno do Legislativo prevê que apenas duas CPIS podem funcionar simultaneamente. Experientes governistas, os tucanos não souberam fazer o ABC da oposição. Era tudo tão óbvio e ululante que o flanco das especulações está escancarado. Chega-se a desconfiar que a ação tucana possa ter sido algo premeditado para que tudo acontecesse exatamente como de fato aconteceu.
Vejam o itinerário: primeiro, o anúncio em alto e bom som da intenção de apoiar a CPI proposta por Heitor Férrer (PDT). Depois, com o espaço de alguns dias, o PSDB convoca reunião para decidir um posicionamento do partido. Esse encontro se deu na noite de segunda-feira. Na mesma noite, o partido anuncia aos quatro ventos que fechou questão a favor da CPI. Foi a senha. Na manhã seguinte, sabe-se que duas outras CPIs foram criadas na frente.
UM ANTIGO ATO DE PIRATARIA
Caso quisessem mesmo a CPI, os tucanos precisavam agir em silêncio e de surpresa. Fizeram o contrário, oferecendo o máximo de tempo para os governistas se organizarem. A base aliada apresentou pedidos para a CPI da Pirataria, por meio do vice-líder do governo Roberto Cláudio (PSB), e da CPI do Narcotráfico, por meio do deputado Edson Silva (PSB). São CPIs de mentirinha tanto quanto era a outra assinada pelos tucanos.
A CPI do Castelão entraria para a história como a primeira investigação sobre uma concorrência pública que ainda nem chegou ao fim. O que os governistas fizeram é prática usual Brasil afora. É pratica que vem sendo largamente usada no Ceará desde governos anteriores, quando a oposição tinha um tamanho suficiente para juntar as assinaturas necessárias. Nesse tempo, os governistas mantinham uma boa lista de CPIs fajutas na fila para não serem pegos de surpresa. A articulação política de todos os governos anteriores usou esse artifício. Os governistas de hoje, que eram a oposição de ontem, e os oposicionistas de hoje, que eram os governistas de ontem, sabem muito bem disso.
O CARIBE É AQUI
Bons demais os argumentos para instalação da CPI da Pirataria. Para Roberto Cláudio o combate à pirataria “é de fundamental importância para a economia mundial”. Em aparte, Mauro Filho (PSB) informou que a CPI terá o apoio dos segmentos partidários da Casa, pois se trata de um assunto que envolve toda a estrutura econômica do Estado. Segundo ele, esse tema é de larga profundidade. “O copiar da produção intelectual gera também um componente tecnológico, pois impossibilita o País de realizar avanços nessa área”, explicou. De Nelson Martins (PT): “A pirataria traz um grande prejuízo econômico, além de constituir uma concorrência desigual e desleal, pois aqueles que pagam seus impostos corretamente perdem seu poder de competitividade”. O nome da CPI é ótimo: “Pirataria”. Na História, os piratas eram pessoas, que de forma autônoma ou organizadas em grupos, cruzavam os mares com a finalidade de saquear navios e cidades para obter riquezas. Hoje, nossos piratas aportaram e agem em terra firme. Mas, é uma pena que a tal da CPI não irá em busca desses piratas. Será instigante vermos a convocação de maltrapilhos vendedores de CDs e DVDs piratas para depor na bendita CPI. Aqui entre nós, a manobra poderia ter sido mais criativa.
FATO E CONSEQUÊNCIA
O fato é que o pedido de CPI do Castelão criou um importante fato político para os opositores. Na verdade, um factóide para passar alguns dias na mídia e dar relevo às novas circunstâncias políticas do Ceará. Como é peculiar a essas situações, o Governo se viu na defensiva e teve que atuar na frente pública e nos bastidores. Em público, tratou de dar explicações sobre a concorrência do Castelão. Nos bastidores, tratou de montar seu contragolpe para impedir a CPI. O fato enseja uma ótima discussão que precisa ser aberta aqui e alhures. No Brasil, as grandes obras públicas têm pré-donos. Trata-se de um cartel que domina o setor. Nenhuma é cearense. São poucos os governantes que ousam confrontar esses interesses. A partir da segunda metade da década de 80, não houve grande obra pública no Ceará que não tivesse o carimbo de uma dessas empresas do cartel. Não é à toa que, após tantos anos, a marca do setor da construção pesada no Ceará seja a timidez.

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VAMOS NÓS: O título desta postagem é do blog, não consta do artigo original do jornalistaFábio Campos. Quanto à CPI do Narcotráfico os rumores nos bastidores políticos são de que tem gente bastante emplumada que ficou de cabelo arrepiado com a possibilidade dessa investigar seguir em frente.

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