domingo, 7 de fevereiro de 2010

ASSUNTO DA SEMANA DO JORNAL O POVO.


Qual a relação custo-benefício de construir o estaleiro na praia do Titanzinho?
06 Fev 2010 - 20h21min
Durante toda a semana O POVO acompanhou a polêmica sobre a construção do estaleiro na praia do Titanzinho. O tema repercutiu entre os internautas e gerou mais de 300 comentários em matérias publicadas no O POVO Online somente entre os dias 1º e 4. Tanto interesse motivou a criação do fórum ``Você é a favor do estaleiro no Titanzinho?`` no portal www.opovo.com.br. Leitores também enviaram para a Editoria de Opinião e-mails comentando a polêmica. Na enquete de hoje, O POVO procurou saber os prós e contras da localização do empreendimento.

Vantagens
Existe um ponto fundamental nessa discussão: o único lugar possível para a instalação do estaleiro é o Serviluz. A população será ouvida sobre esta decisão. Sua implantação gerará 6.200 empregos, sendo 1.200 para a população local, além de outros benefícios sociais, como a qualificação profissional. Não será necessário o deslocamento de nenhuma família da área e, também, será possível compatibilizá-lo com outras iniciativas urbanistas, considerando a existência do Porto e de outras indústrias instaladas ali há muitos anos. O transporte da matéria-prima será pelo mar, portanto, sem congestionamento de tráfego. A prática do surfe terá continuidade. Homens e mulheres, jovens e adultos ali residentes serão favorecidos.
ADAIL FONETENLE
Secretário de Infraestrutura do Estado do Ceará

Comprometimento
Além dos aspectos técnicos e ambientais que envolvem um estaleiro, já expostos pela comunidade acadêmica e científica, esse empreendimento comprometeria uma série de iniciativas da Prefeitura de Fortaleza que envolvem o litoral de maneira integrada. Ações que, inclusive, já estão em andamento à luz do Projeto Orla, como o Vila do Mar, a requalificação da Praia de Iracema e da Beira Mar, dentre outros. Além disso, propomos a criação de um parque marítimo na Praia Mansa, aberto à comunidade, que se integraria ao Titanzinho e ao Farol Velho do Mucuripe - que será requalificado -, bem como ao Aldeia da Praia, projeto de requalificação urbana do Serviluz que está em fase de captação de recursos. Ou seja, um estaleiro no local iria contra as nossas perspectivas de desenvolver a região aproveitando seu potencial turístico e belezas naturais. LUIZIANNE LINS
Prefeita de Fortaleza

Debate
Ainda faltam muitas informações para ser possível dar essa resposta adequadamente: afinal, os empregos do estaleiro irão durar quanto tempo? Quem será favorecido já que a população do Serviluz não tem qualificação adequada? Oferecer 1.200 empregos para uma região tão pobre como aquela é sempre uma atitude positiva, mas, antes de se decidir pela instalação ou não de um empreendimento de tal dimensão, deve-se pesar se vale mesmo a pena diante de outras potencialidades pouquíssimo exploradas até aqui e que estarão sendo anuladas, como a do surfe e a do turismo, além das relações dos moradores dali com o mar, que serão totalmente modificadas. Abrir para um amplo debate, com os mais diversos segmentos da sociedade, é algo que deve anteceder qualquer decisão.
KAMILA FERNANDES
Editora adjunta do Núcleo de Conjuntura do O POVO

Inviabilização
É impraticável calcular a relação custo/benefício na falta de dados sólidos. No entanto, salta aos olhos a inconveniência de se construir ali um estaleiro, mesmo dentro do mar, inviabilizando o aproveitamento futuro da praia para uso mais nobre. Seria uma praia sem mar. A Praia do Titanzinho está degradada, é verdade, mas, junto com a Praia Mansa, ocupa o espaço mais bonito de Fortaleza. Com descortino, visão e vontade política, poderiam os governantes transformar aquele recanto no cartão postal da cidade. A construção do estaleiro atende a uma visão imediatista, de curto prazo, que cava a criação de mil e poucos empregos hoje em detrimento de milhares de empregos de qualidade que a atividade turística poderia gerar no futuro. Embelezemos a cidade! Afinal, Fortaleza pretende ou não se converter num destino turístico de peso?
AFFONSO TABOZA
Diretor da Federação das Industrias do Estado do Ceará (Fiec)

Inclusão
Segundo o Banco Mundial, R$ 116.285 é o custo de um jovem engajado em atividades criminosas. No Serviluz, são cerca de 300 jovens. Os projetos sociais de surfe, de turismo comunitário, de fotografia, audiovisual e inclusão digital do Titanzinho mantém mais de mil crianças e jovens longe das drogas, do crime e da violência. Com inclusão cidadã, com o pé na praia e nas ondas, promovem economia anual de R$ 116.285.000 para o Ceará. Sem escola de ensino médio, reivindicação histórica ignorada pelo Governo do Estado, e com esgotos a céu aberto, dos 21.529 moradores do Serviluz apenas 14.887 são alfabetizados. É o pior IDH-M da SER II, 0,386. Do bico vão passar a técnicos da indústria naval mundial? Benefício? Cuca, Projeto Orla, Zeis, Pronasci e economia criativa.
LEONARDO SÁ
Doutor em Sociologia e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da UFC

Esclarecimento
Meu coração está triste diante da falta de informação que tenho em relação ao Estaleiro. Muitas reportagens vêm sendo feitas, mas nenhuma nos dá a segurança devida relacionada ao remanejo ou não dos moradores do Titanzinho. Sou uma moradora privilegiada do bairro e moro bem em frente ao paraíso. Serei prejudicada por conta dos ventos e de não poder ter essa paisagem belíssima como fonte de inspiração para minha vida. Também não posso ser egoísta em meio a tantos trabalhos que podem surgir para a maioria da população, mas o que peço é o esclarecimento para todos moradores ou não deste bairro, para acabar com os desentendimentos entre moradores. Que esse assunto seja esclarecido logo.
SARAH ARAÚJO ANDRADE
Estudante de Administração e Logística e moradora do Titanzinho

VAMOS NÓS: Nesse debate todo, sem que isso signifique uma posição rígida a favor ou contra o LOCAL do empreendimento, convém considerar que com o valor para se criar um (1) emprego na indústria pesada se cria sete (7) empregos na indústria limpa do turismo. Assim, dá para imaginar o grande empreedimento turístico com a quantia que o Estado pretende aplicar no estaleiro, algo em torno de R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), sem falar, obviamente, no montante da iniciativa privada.

9 comentários:

Deodato Ramalho disse...

Muito bem lembrado pelo Alfredo Carlos.Vejam: somente com um hotel dessa envergadura, negócio permanente e não um estaleiro com data certa para findar suas atividades, se criaria muito mais emprego:


Hotel seis estrelas de Fortaleza poderá ser no Mucuripe
publicado em 26/08/2009 - 6:44 por Egídio Serpa
Duas reuniões com o banco credor do grupo português dono

do arruinado Hotel Esplanada, localizado no comecinho da

Avenida Beira Mar, em Fortaleza, sepultaram a idéia do grupo

cearense Marquise de construir ali o seu sonhado hotel de seis

estrelas, que tem de ficar pronto antes da Copa do Mundo de 2014.

No meio do caminho surgiu uma dívida montanhosa difícil de ser

removida, o que inviabilizou o negócio. Agora, o grupo Marquise,

controlado peplos empresários Erivaldo Arrais e José Carlos Pontes,
namora com um pedacinho da ponta do Mucuripe, objeto do desejo
de 10 entre 10 investidores locais e nacionais. A propósito:

o hotel Gran Marquise, categoria cinco estrelas, do mesmo grupo,

celebra o turismo de negócios, de cujos eventos estão entrando

neste ano 45% de sua receita.

Anônimo disse...

Realmente a vocação da cidade é turística, a meu ver a melhor solução seria a transferência da população daquela área para outra próxima dali, por exemplo, poderia ser onde hoje existem os tanques de armazenamento de combustíveis, que sairão dali. Deveria ser reurbanizada toda aquela área fazendo dela uma extensão da praia do futuro, valorizando a orla e estimulando o turismo naquele trecho do farol velho até o caça e pesca. Sem a remoção daquelas casas como se vai estimular o turismo??? Deixar o pessoal morar lá porque eles têm o direito de ficar vendo o mar de frente, mesmo que em casas sem nenhuma condição e saneamento, em uma grande favela é no mínimo irracional. Manter eles naquelas condições lá como um curral eleitoral é uma atitude digna de coronéis, manter uma condição miserável só por ideologia é falta de inteligência. Tem que ser uma decisão técnica, e não ideológica. Para se estimular o turismo no farol velho tem que haver a transferência da população para conjuntos a serem feitos próximos dali, sem isso, é demagogia, manter uma condição de miséria só para dizer que está defendendo os pobres é DEMAGOGIA. Essa fase já passou no mundo, temos que ser antes de tudo práticos para termos resultados. E não haverá poluição, pois já existe um estaleiro em Fortaleza, próximo ao Marina¿s Park (Hotel 5 estrelas), e ao que me consta os turistas não reclamam. Área turística ou estaleiro, os dois são validos, o que não pode é deixar do jeito que está, e achar que esta sendo uma administração popular com isso, está sendo a meu ver é uma administração que busca currais eleitorais, enganando a população. O Projeto Vila do Mar diz o que é essa administração. Nem faz nem deixa fazer.

Anônimo disse...

Quanto foi que saiu o jogo Boa Viagem e Maranguape?
E como é que Boa Viagem tá na classificação?

Zé Maria disse...

O engraçado nessa história é que para o estaleiro tem 60 milhões de reais, para criar 1200 empregos, mais não tem esse mesmo dinheiro para investir no turismo na área do titantzinho que vai muito mais emprego. Esse tipo de empreendimento no mundo moderno num se faz mais dentro das cidades.

Kaka disse...

O jogo foi 1 a 1 com o Maranguape.

CLAUDIO disse...

Os endinheirados que só querem o bom prá eles e o sobejo para os pobres junto com os abestados que não consciência de nada pensam assim: pobre é prá ser enxotado para a periferia mais distante da cidade e a praia tem que ficar pros ricos.

Anônimo disse...

Uma Vela para Dario

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

Dalton Trevisan

Torcedora. disse...

Para onde vai o dinheiro dos jogos no Estádio Serjão?

Anônimo disse...

Buemba! CHICO ANTÔNIO da Liduina será o novo secretario de Saúde. A escolha não poderia ser mais adequada pra mostrar que quem manda é o Coronel ANA ASSEF. Depois que a primeira irmã exonerou as gritos a atual secretaria "quem vc pensa que é, pra tá realizando projetos e comprando novos equipamentos sem minha ordem, vc não passa de uma ..............." depois desta amável conversa caiu a secretária e assumiu interinamente liduína, e pra não fugir a regra Jesus-Alcir; Isabel-Marcos Ximenes; agora será Liduína - Chico Antônio. Pelo menos ele vai pastorar a secratária do bar em frente. kkkkkkkk. Aguenta Boa Viagem.